quarta-feira, 1 de julho de 2015

A importância dos sintomas. O inverno e seus sintomas. Parte 1

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Em nossa prática clinica diária, observamos alguns aspectos com relação aos  sintomas que aparecem em maiores escalas em uma determinada época do ano, devido a mudanças de tempos e o próprio ciclo natural das atividades fisiológicas: epidemias sazonais de inverno(gripes, meningite, maior prevalência de dores articulares) ou no verão devido a altas temperaturas (diarreias), ainda no outono com toda a secura da estação (problemas das vias respiratórias e alergias) e ainda na primavera, devido a maior atividade física (lesões ligamentares, enxaquecas, tonturas).

A Medicina Tradicional Chinesa nos ensina que somos parte integrante da natureza e, portanto, devemos observá-la como um grande instrumento de ensinamento. Baseia-se, entre outras,  em uma das teorias mais antigas do planeta: a teoria dos 5 elementos, onde há uma inter-relação dos mesmos e dos órgãos e vísceras relacionados a cada um desses.




Você já observou o percurso natural de uma árvore durante o ano todo? Como é seu comportamento, suas folhagens, seus frutos, suas necessidades básicas?


Se a árvore possuiu comportamentos diferentes durante o ano todo e, considerando que somos parte integrante da natureza, porque seria diferente conosco?
Partindo desse princípio, resolvi escrever um pouco sobre os ciclos da natureza e o funcionamento de nosso organismo. Esses ciclos das estações do ano exercem forças Yin e Yang sobre a terra e, consequentemente, sobre nós.

A estação que antecede o inverno é o  Outono, relacionada ao elemento Metal. Durante essa fase a energia começa a se condensar, a contrair-se, volta-se para dentro para se acumular e armazenar. Nesta fase as folhas caem e libertamos tudo que já está gasto. É momento de desapegar-se daquilo que não serve mais, afim de adquirimos força  para passar o inverno com tranquilidade, sem as chamadas doenças da estação. 


Por exemplo, o inverno está associado ao elemento água e a força Yin, é tempo de descanso, de quietude onde a energia deve ser poupada, recolhida, conservada e armazenada. Escure mais cedo e amanhece mais tarde. O ideal seria nos recolhermos  mais cedo para dormir e acordar mais tarde, porém, com a vida corrida e os compromissos diários não obedecemos esse ciclo, mas podemos tomar algumas outras precauções reforçando a alimentação, nos agasalhando bem, etc. Falaremos disso nas próximas postagens.

Já a próxima estação, a primavera,   está associada ao elemento Madeira, e em seu  novo estágio, há a energia Yang atuando,  onde é época de novas sementes que se preparam para brotar.  A fase da Madeira é expansiva, alegre e explosiva. Está associado ao vigor, ao crescimento e ao desenvolvimento.





 O Verão está associado ao elemento Fogo, rege a comunicação e interação com as pessoas. Há uma certa euforia no verão, e dizemos que estamos no mais algo Yang. É hora de colher as sementes plantadas na primavera, usufruir dessa energia com  estabilidade emocional e física.

Tal como a árvore, as pessoas também desabrocham nesta época: é hora de desfrutarem dos prazeres da estação, permitindo que a alegria irradie e o calor humano se expanda através da comunicabilidade.

Dentro da filosofia oriental, existe ainda uma quinta estação, associada ao elemento terra. No final do verão chega o momento de interlúdio, de perfeito equilíbrio quando a energia do fogo diminui, transformando-se em energia de terra, nem muito Yin e nem muito Yang. Há uma harmonia nesse ciclo, trazendo uma sensação de bem estar e plenitude. Podemos dizer que estamos "centrado", no "centro", em equilíbrio. 

Na verdade, dizemos que essa quinta estação ocorre entre a mudança de uma estação e outra, sempre haverá um momento de interlúdio entre as estações.

Agora vejamos esse ciclo de uma outra forma:  o Outono, dentro da Medicina Chinesa está associada ao Pulmão e Intestino Grosso,  esses estão relacionados as vias respiratórias, pele, eliminações de toxinas. O Outono é a estação da introspecção e da meditação, hora de reciclar os sentimentos antigos, apegos externos e o excesso de emoções adquiridas durante o verão.
Se resistirmos a esta energia e ficarmos aprisionados ao passado, podemos criar estados de melancolia, de tristeza e depressão, que se manifestarão em dores nas costas, dificuldades respiratórias, problemas de pele e diminuição do sistema imunológico(resistência).
Se passarmos para a outra estação com todo esse acúmulo, certamente os sintomas persistirão e se agravarão, pois o Inverno pede um novo ciclo. Após o desapego, a próxima estação pede momentos de quietude e repouso “manter-se frio” afim  de fortalecermos a energia da água, que está ligado a força de vontade e a coragem. Em desequilíbrio, encontraremos quadros de apatia, fraqueza e cansaço que, consequentemente, não nos dará força para enfrentar a próxima estação.

Se mantivermos esse equilíbrio do inverno, essa vontade e coragem se transformará  em expansão, dando vazão a novos projetos e sua concretização. Ao  bloquearmos essa energia, criaremos sentimentos de frustração, raiva, ciúme e estagnação, acompanhados de sintomas como enxaqueca, cefaleias, etc.

Já o verão chega com toda a sua força, onde poderemos usufruir de todo o processo construído ao longo do ciclo. Está na hora da colheita e da inter-relação pessoal,  como se o processo estivesse concluído e, por merecimento, usufruirmos com toda plenitude. Para, mais uma vez, iniciarmos um novo ciclo.

Olhando por esse lado, conseguimos entender como a natureza é sábia, cabe a nós observarmos o seu ciclo e incluirmos em nossas vidas esse sistema tão inteligente de manifestação. Assim é dentro da Medicina Tradicional Chinesa, em sua sabedoria milenar, desapegando do que não nos serve mais, arando o terreno para novas sementes, deixando que essas brotem para colhermos o seu fruto, tudo em seu tempo natural, respeitando o seu tempo e sua essência. Desta forma, sendo todos merecedores desfrutaremos com plenitude das nossas conquistas.

Vamos aproveitar essa nova estação, onde o tempo é propício para o recolhimento, para observar como andam nossos sentimentos, nosso corpo físico, nossas necessidades emocionais. Meditem, tomem um chá bem quentinho, aproveite o aconchego do edredom e faça uma  grande descoberta: em que ciclo da vida você se encontra. 

No próximo post falaremos sobre os sintomas prevalentes dessa estação. Até mais.


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